A principal causa dessa alta de preços, segundo os próprios vendedores, é a chuva. Em várias regiões produtoras do país, o mau tempo tem diminuído a quantidade disponível de produtos à venda. Com a procura cada vez maior dos consumidores, o preço sobe e é difícil não repassar esse aumento para o consumidor.
Segundo o feirante Sandro Quintal, de 44 anos, dono de uma das maiores barracas da feira semanal da rua Pândia Calógeras, na Liberdade, na região central de São Paulo, falta mercadoria para revender.
- Na semana passada, por exemplo, tinham cem caixas de salsa para comprar no Ceasa [a Ceagesp, Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo], hoje não tinham nem dez.
As verduras e legumes são os que mais aumentaram de preços entre a semana passada e esta. Sandro explica que a couve-flor, por exemplo, saía a R$ 3, na semana passada. Hoje está a R$ 5. Os brócolis que custavam R$ 4,35 agora saem por R$ 7 a unidade. Já a caixa com 30 maços de salsa era vendida a R$ 5. Hoje, custa R$ 6. O tomate foi de R$ 3 para R$ 5.
- Tento passar o mínimo possível [desse aumento] para o consumidor. Acabo diminuindo a quantidade que compro para economizar. Chega a faltar produto para o cliente, mas não tem jeito, é preciso lidar com isso.
Para o feirante, os principais vilões para o paulista são o pimentão, o tomate e a mandioquinha, que dobraram de preço na última semana.
- Para você ter ideia, essa semana, não tinha mandioquinha para comprar.
Chuvas
A chuva é a maior culpada. De acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo), o último mês teve uma média de chuvas muito maior do que a esperada pelos especialistas para o Estado.
A previsão era de que o indicador ficasse em torno dos 76 mm no mês, mas chegou a 101,4 mm. O número é 33% maior do que a quantidade comum de chuva para esta época.
O centro explica que esse tipo de crescimento ocorre, geralmente, por causa de fatores como a circulação atmosférica e a mudança de temperatura da superfície do oceano. O órgão afirma que, no entanto, o mês de abril não foi marcado por muitos dias de chuva, mas sim por dias muito chuvosos.
- Tivemos dias em que choveu muito. Só no dia 12, por exemplo, foram 35 mm, o que eleva muito essa média.
ara o gerente de modernização do mercado hortigranjeiro da CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), Newton Araujo Silva Junior, muitos produtores de verduras e legumes estão sofrendo com a questão do clima.
- Esse fator está afetando a oferta e qualidade de alguns itens, como o tomate.
Segundo ele, no entanto, a previsão é de melhora para os próximos meses, já que a quantidade e o volume de chuvas no Estado devem diminuir.
- Agora, que devemos ter menos chuva, os preços devem voltar a cair.
O gerente explica que o mau tempo, além de estragar os alimentos, também dificulta a questão do transporte dos produtos, que já sofre com o preço alto dos combustíveis.
- Além de tudo, as chuvas prejudicam a própria logística de transporte, o que afeta a qualidade dos alimentos. Assim muitos produtos se perdem e a oferta diminui.
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